A humanidade busca constantemente o progresso, mas para isso, tem deteriorado a natureza para extração de matéria-prima e amplia sua expansão territorial para desenvolvimento de negócios e até mesmo para moradia. Mas o que muitos não sabem é que isso tem um preço. A interação de seres humanos e animais silvestres promovem a circulação, não apenas de dois indivíduos de espécies diferentes, mas também de uma série de elementos que fogem do que alcança aos olhos.
A paixão que o homem tem pelos animais é antiga e muitos de nós gostamos de tê-los bem próximos. Algumas espécies convivem bem entre os seres humanos, sem muitos problemas, como acontece com os animais domésticos. Algumas pessoas vão além e querem possuir animais silvestres, mas essa relação, nem sempre é segura e deve ser controlada.
Para compreender o que acontece na relação de seres humanos e meio ambiente, conversamos com o Diretor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Médico-Veterinário e Epidemiologista, Cassio Roberto Leonel Peterka. Ele carrega em seu currículo, vasta experiência na área de epidemiologia e nos explicou que, algumas doenças, transmitidas de animais para seres humanos, as zoonoses, acontecem devido ao avanço do homem em áreas de preservação.
Alguns animais transmitem doenças para seres humanos e isso pode ser muito perigoso. Segundo Cássio Peterka a Covid-19 é um grande exemplo disso. “O próprio Sars-Cov-2, vírus responsável pela Covid-19, tem uma circulação de origem zoonótica. Hoje, mais de 70% das doenças emergentes têm uma relação direta com animais, principalmente em animais silvestres. Então a gente vê que as alterações ambientais, esse processo que possibilita um contato muito mais próximo com áreas ambientais devastadas, animais silvestres que são realocados, seja pelo tráfico de animais silvestre, ou que, pela falta de espaço natural o animal adentra uma área urbana, isso faz com que a gente tenha essa interação de patógenos.” Explica o epidemiologista.
A Covid-19 é o caso que está em maior evidência, mas não é o único. Vejam só os casos de outros vírus, como da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Severa), H1N1, Influenza, Gripe Suína, Gripe Aviária, Nipavírus vinda dos morcegos, Febre amarela, todas estas doenças têm origem na interação de seres humanos e animais.
Importância da preservação
Peterka explica também que, quando nós temos um animal, nós não temos apenas um ser vivo ali, mas sim um “pacote biológico”. Quando um indivíduo é retirado de seu ambiente e transferido para outro, não se leva apenas ele, mas sim todo o pacote, que vai do próprio ser vivo, até sementes que vão presas no pelo, nas fezes, vários patógenos. Mas também outros micro-organismos não patogênicos, como vírus e bactérias.
“Quando a gente recebe esse animal, recebemos também este pacote biológico em nossa casa. Por isso é muito importante saber que um animal silvestre em casa não é somente um problema legal, um crime, mas também pode ser um grave problema de saúde para nossa família, para nossos vizinhos. ” Alerta o epidemiologista.
Ele relatou um exemplo de um caso clássico, usado por estudiosos de todo o mundo, ocorrido nos anos 2000, nos Estados Unidos. Houve uma importação ilegal de alguns ratos do continente africano, com destino aos E.U.A e esses ratos possuíam um vírus. Esses animais chegaram ao seu destino e ficaram em gaiolas próximas de outros pets, aguardando a sua comercialização. Os Pets que estavam próximos foram infectados pelo vírus africano, que por sua vez, ao entrar em contato com humanos, também transmitiram o vírus, que inicialmente era africano e foram parar em residências nos Estados Unidos. O médico-veterinário é enfático ao explicar a importância do controle da movimentação de animais, seja por vias legais, e principalmente pelas ilegais. “Veja a importância de estarmos a frente dessa questão do tráfico de animais silvestres para controle de epidemias nos seres humanos. ”
O equilíbrio do meio ambiente passa pela saúde-única, e o médico-veterinário tem um papel fundamental, mas precisa da compreensão de toda a sociedade para não alimentar participar, de modo algum, de venda ou compra de animais silvestres. O tráfico maltrata os animais e pode ser uma via de circulação de doenças de impacto imensurável em qualquer espécie, inclusive do homem.
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