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Raiva, uma doença que inspira atenção de todos

  • 16 de janeiro de 2018

Ao final de 2017, o Governo do Distrito Federal registrou um caso de Raiva em um bovino, no Distrito Federal. O caso repercutiu entre veículos de comunicação e a sociedade. O caso foi o 5º do ano e felizmente não houve registro de casos da doença em humanos. Mas é importante que a sociedade permaneça em atenção, sobretudo os médicos veterinários.

A doença pode acometer os mamíferos em geral, tendo como principal meio de contaminação o contato com a saliva do animal doente por meio de mordeduras, arranhaduras e lambeduras. A sintomatologia da doença pode variar bastante dependendo do animal infectado e da variante do vírus rábico que está envolvido na infecção. Trata-se de uma encefalite aguda, que leva as vítimas ao óbito em praticamente 100% dos casos, sendo uma das mais antigas doenças conhecidas. Ainda nos dias atuais, a raiva representa um sério problema de saúde pública e produz grandes prejuízos econômicos à pecuária.

O período de incubação em cães e gatos é, em geral, de 15 dias a 2 meses. Na fase prodrômica, os animais apresentam mudança de comportamento, escondem-se em locais escuros ou mostram uma agitação inusitada. Observa-se a ocorrência de anorexia, irritação ou prurido na região de penetração do vírus e uma ligeira elevação da temperatura. Após um a três dias, ficam acentuados os sintomas de excitação. O cão ou gato se torna agressivo, com tendência a morder objetos, outros animais, o homem (inclusive o seu proprietário) e morder a si mesmo, muitas vezes provocando graves ferimentos. A salivação torna-se abundante, uma vez que o animal é incapaz de deglutir sua saliva, em virtude da paralisia dos músculos da deglutição. Em cães há alteração do seu latido, que se torna rouco ou bitonal, devido à paralisia parcial das cordas vocais. Na fase final da doença, é frequente observar convulsões generalizadas, que são seguidas de incoordenação motora e paralisia do tronco e dos membros.

A forma “muda” da doença se caracteriza por predomínio de sintomas do tipo paralíticos, sendo a fase de excitação extremamente curta ou imperceptível. A paralisia começa pela musculatura da cabeça e do pescoço; o animal apresenta dificuldade de deglutição e suspeita-se de “engasgo”, quando então seu proprietário tenta ajudá-lo, expondo-se à infecção. A seguir, vêm a paralisia e a morte.

A raiva transmitida por morcegos hematófagos (principalmente o Desmodus rotundus) acomete principalmente animais de produção, porém hoje a transmissão da raiva por quirópteros (hematófagos ou não) está muito relacionada ao acometimento dos animais de companhia com cães e gatos e dos homens. Na raiva transmitida por morcegos o período de incubação é geralmente mais longo, com variação de 30 a 90 dias ou até mais. A sintomatologia predominante é da forma paralítica. Os animais infectados se afastam, apresentam as pupilas dilatadas e os pelos eriçados. É possível observar, também, lacrimejamento, catarro nasal e movimentos anormais das extremidades posteriores. Os acessos de fúria são raros, podendo se observar, no entanto, inquietação, tremores musculares e hipersensibilidade no local da mordedura, de modo que os animais podem até provocar automutilações. Com a evolução da doença, observam-se contrações tônico-clônicas e incoordenação motora; os animais apresentam dificuldade de deglutição e excesso de salivação. Os sinais de paralisia aparecem entre o segundo e terceiro dia após o início dos sintomas, sendo a duração da doença, geralmente, de dois a cinco dias.

É de grande importância que os médicos veterinários estejam atentos a estes sinais e sintomas, já que a doença não tem cura e pode matar.

O médico veterinário da Gerência de Vigilância Ambiental de Zoonoses da Secretaria de Saúde do DF, Anderson Joaquim Pereira dos Santos, explica que os cinco casos de Raiva registrados no ano passado, dois ocorreram em bovinos, um em Planaltina e outro em Sobradinho. Os outros três casos foram em morcegos frugívoros, um na Asa Norte e os outros dois em Vicente Pires. Apesar de não ocorrer morcegos hematófagos em áreas urbanas, todos os morcegos podem transmitir a doença, assim o risco ainda é grande, explica Andersom. “Animais de companhia, como cães e gatos, podem entrar em contato com morcegos ou outros animais silvestres contaminados trazendo a doença para dentro do seio familiar, por isso é tão importante que se criem os animais de forma correta – não permitindo que os animais saiam sem supervisão e que a vacinação esteja sempre atualizada. ”

Anderson Vigilância Ambiental 2018

Segundo Anderson, a Raiva é uma doença 100% imunoprevinível, desde que a população de animais seja vacinada com regularidade. E no caso de contato com animais suspeitos deve-se buscar imediatamente atendimento médico. “O nosso único registro de raiva humana foi em 1978, já os últimos registros em cães e gatos ocorreram em 2000 e 2001 respectivamente. Apesar de não termos raiva humana, canina ou felina no Distrito Federal desde então, temos a circulação do vírus rábico tanto na área urbana quanto na área rural do DF. O vírus está aí e vai continuar, só depende de nós, médicos veterinários, profissionais que atuam na área animal, produtores rurais, proprietários, órgãos públicos de saúde, entre outros, mantermos a doença longe dos nossos animais e da população. ”

A população e profissionais em geral, principalmente os médicos veterinários, devem comunicar a Gerência de Vigilância Ambiental de Zoonoses casos suspeitos de raiva em animais assim como morcegos caídos. É de grande importância que os médicos veterinários, mesmo os que trabalham somente com saúde animal em suas clínicas e hospitais, fiquem atentos aos sintomas da doença, já que a saúde pública é responsabilidade de todos.

A Secretaria de Estado de Saúde do DF, por meio da Gerência de Vigilância Ambiental de Zoonoses – antigo Centro de Zoonoses – realiza o diagnóstico post mortem para raiva. Esse laboratório faz parte da rede nacional de diagnóstico de raiva e é referência para outros estados do Brasil. Qualquer médico veterinário pode encaminhar amostras ou até mesmo o animal para se realizar o diagnóstico em casos em que houver suspeita da doença. Para isso é necessário apenas um encaminhamento do profissional com dados simples como endereço e telefone do proprietário do animal e história clínica. É valido lembrar que não há nenhum tipo de cobrança para a realização do diagnóstico.

 

Serviço:

A Gerência de Vigilância Ambiental de Zoonoses se encontra no SAIN – Estrado Contorno do Bosque – Lote 04, ao lado do Hospital da Criança e do Hospital de Apoio de Brasília, para contato enviar e-mail para zoonosesdf@gmail.com.

Vigilância Ambiental 2018

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